sexta-feira, 6 de abril de 2012

"Quando falo de ser feliz apesar de não entender bem o que isso significa, não estou sendo hipócrita e nem positiva em excesso. Quando falo de ser feliz estou falando em levantar mais uma vez, corar o rosto com um gesto bonito, tremer as mãos com uma novidade boa, deixar o riso solto num fim de tarde, sentar para ler um bom livro na noite, acordar de mau humor e rir de si mesmo no espelho, abraçar e ser abraçado, chorar até lavar a alma e descobrir que é bom - e necessário - rir da própria desgraça. Eu falo dessas felicidades bobas que conheço, dos cotidianos atropeladores que deixam uns rastros de coisa boa que, às vezes, são imperceptíveis. Quando falo de ser feliz, embora carregue um par de olhos que muito reluta, falo das persistências de ter um sorriso estampado no rosto e de oferecê-lo a alguém ainda menos feliz. Eu falo do que não sei, pois para mim a felicidade não possui palavras, falo do que também não entendo, porque não sei como podem habitar tantos turbilhões num ser só, mas falo do que me arrebata por vezes ao longo do dia e me faz até sonhar, imaginar que amanhã, quem sabe, os planos possam dar certo e esse pássaro que hoje procura um ninho, amanhã já terá onde pousar. Ao falar de felicidade, falo da saudade e do presente; falo do que sinto, mesmo sem saber. Falo da dor que me lembra o quanto é bom sorrir de novo e de novo."
Camila Costa 

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